Sônyah Moreira: ‘Amnésia’
Amnésia
“Não podemos aguardar que os tempos se modifiquem e nós nos modifiquemos junto,
por uma revolução que chegue e nos leve em sua marcha. Nós mesmos somos o futuro.
Nós somos a revolução!” Beatrice Bruteau (1930-2014)
Oh! Quem sou eu?
Um transeunte a procura da vida?
Um cego a beira do abismo?
Oh! Quem sou eu?
Contam-me, que obtive inúmeras vitorias em guerras sangrentas para que eu pudesse chegar até aqui;
Oh! Quem sou eu?
Perdi minha identidade, Oh! My good!
Vivo a margem de tudo e de todos;
Parece-me que retornei ao passado, são tempos sombrios e ditatoriais!
Oh! Quem sou eu?
Não me reconheço, estou adormecido e sem forças para acordar!
Sou um gigante, com imensos mantos verdes e azuis para cobrir meu corpo;
Oh! Quem sou eu?
Esta amnésia que levou minhas glorias tenho a impressão que é coletiva, todos em minha volta estão abobalhados.
Oh! Quem sou eu?
Digam-me, imploro alguém pela busca de minha origem;
Dizem que passei por diversos traumas, com saídas e entradas em situações, que por vezes foram demasiadamente vexatórias.
Oh! Quem sou eu?
Um gigante adormecido, combalido e gemendo com a dor de seus filhos em uma amnésia coletiva;
Eles esqueceram seu poder, de seu gigantismo para buscar sua identidade, e lutar por seus ideais;
Oh! Quem sou eu?
Sou uma nação, imensa como um continente, sofrendo o descaso de seus filhos amordaçados e aculturados;
Oh! Quem sou eu?
Acorde! Oh! Adormecido Brasil dessa amnésia e aculturamento coletivo que está nos levando a cometer os mesmos erros de outrora..
“Vem vamos embora, quem sabe faz a hora e não espera acontecer” (Geraldo Vandré)
Sônyah Moreira
sonyah.moreira@gmail.com